ALIANÇA CONJUGAL
Estamos vivendo em dias, cuja característica marcante dos relacionamentos é a superficialidade, sejam nas relações comerciais, familiares ou conjugais. O homem tem uma grande dificuldade de mergulhar fundo, ou seja, comprometer-se integralmente e assumir todas as responsabilidades que envolvem uma aliança.
Há uma diferença brutal entre um contrato e uma aliança, já que no primeiro as responsabilidades são limitadas, enquanto que na segunda elas são ilimitadas.
CONTRATO = contratar; acordo ou convenção entre duas ou mais pessoas, para a execução de alguma coisa sob determinadas condições; o documento que resulta desse acordo; combinação; ajuste; promessa; pacto; (Do lat. contractu.)
ALIANÇA = Ato ou efeito de aliar; confederação; casamento; anel de noivado ou de casamento. (Do lat. alligare.)
Viver um compromisso de aliança significa lealdade até a morte – não importam as circunstâncias, os problemas ou as dificuldades, vamos até o fim, até as últimas conseqüências. A vida individual não é mais prioridade – abre-se mão de valores individuais para compartilhar sentimentos e objetivos.
Os vínculos entre as pessoas têm, em geral, dois pressupostos, sobre os quais são estabelecidos: o contrato ou a aliança.
O contrato exige regras, estabelece condições, define os direitos e deveres de cada um, estabelece punições e pode ser de trabalho, de aluguel, de prestação de serviços, de seguros etc. A aliança é voluntária, livre, estabelece o amor como base, suporta a diferença, sendo, portanto muito mais que um contrato, um pacto de fidelidade, amor, amizade, etc…
O casamento cristão é a celebração de uma ALIANÇA e o que estabelecemos na aliança do casamento, diante de testemunhas contém o seguinte texto:
“prometo amar e honrar, na alegria e na tristeza, na dor e no sofrimento, em qualquer situação, na afirmação ou diante do erro, o pressuposto é o amor!”.
Independente das condições… eu vou te amar!
No antigo testamento o significado dos pactos e das alianças geralmente era estabelecido num ritual, onde um animal era sacrificado, e as pessoas que entravam em acordo, passavam por meio deste animal, partido em duas partes.
“Agora, pois se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade particular dentre todos os povos ; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. (Ex 19.5)
O pacto que Deus nos propõe pode ser aceito ou rejeitado por nós, porém nunca alterado. (Jr 11.4.)
Ele existe e é válido… mas eu preciso me colocar debaixo dele!
Vejamos o que diz o livro de Jeremias, capítulo 31 versículos de 31 a 36.
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. Assim diz o SENHOR, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre..
Há uma transição nestes textos, da antiga para a Nova Aliança!
Na aliança feita em Cristo não existe mais o condicional “se”…
Jesus é a nova aliança de Deus conosco, ele estabelece o Pacto da graça, firmado em seu sangue. Neste pacto entre Deus e os homens, Deus expressa a sua vontade de estender os benefícios de sua graça imerecida aos homens que se dispõe a recebê-lo pela fé, e que assumem um compromisso pessoal com ele.
É isso que Deus faz conosco: ele nos ama, e o seu amor é maior do que o nosso pecado e a nossa rebeldia. Mesmo quando não lhe correspondemos, Ele nos ama. Isto é aliança!
Por isso, nossa obediência a Deus sempre será uma resposta ao seu amor, e não uma obrigação!
Nossa relação com Deus crescerá e será tanto mais profunda e saudável, na medida em que for uma resposta apaixonada de quem se sente profunda e incondicionalmente amado.
A palavra de Deus nos mostra claramente que a vontade original dEle é que o homem e a mulher estivessem unidos numa aliança que chamamos casamento – “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gn.2:24)
O simbolismo daquilo que Deus pediu a Abraão quando este tomou os animais e os partiu ao meio é que aqueles que passassem entre aquelas metades estariam unidos numa aliança e a partir dali tornavam-se um só. Do mesmo modo o objetivo da aliança do casamento é que os cônjuges tornem-se uma só carne.
Partindo-se dessa premissa, vemos que se inicia um processo totalmente novo para ambos, pois aquilo que era individual passa a ser conjunto. Deixa-se de pensar apenas em si mesmo para considerar o outro, incluindo-o em todos os novos objetivos.
Precisamos então entender alguns pontos que tendem a ser obstáculos ao desenvolvimento desse processo:
Por não ser uma relação contratual (mesmo tendo civilmente este cunho), onde podemos requerer, exigir, impor, ela não sobrevive sem um comprometimento mútuo. Neste sentido, sem que eu absorva o amor de Deus e seja absorvido pelo mesmo desejo de amar incondicionalmente, não vamos consegui-lo.
Fazer valer este PACTO exige de nós um compromisso com a excelência e a maturidade. Um compromisso de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar.
Sem dúvida, só uma comunidade que desenvolve um tal pacto de compromisso, que a envolve até as entranhas, pode experimentar o cristianismo em toda sua força e poder. Pois, o relacionamento contratual estabelece muitos limites claros, mas que apenas alimentam o egoísmo e o narcisismo.
Pode até, por algum tempo, nos motivar a fazer coisas juntos, mas não suporta o desgaste causado pelas diferenças, pelos erros cometidos e expectativas frustradas. Acima de tudo, o amor contratual impede que amadureçamos e cresçamos psíquica e emocionalmente.
Já o relacionamento firmado por uma aliança, o compromisso é fruto do amor, e ele nos desenvolve emocional e espiritualmente. Ele permite o florescimento do amor ágape: doador, generoso, paciente, verdadeiro e cheio de esperança. (1 Cor 13).
Ou então, o que é mais perigoso, espiritualmente falando, quando os cônjuges não crêem na Graça de Deus, e acolhem uma graça que não transforma, e que não os compromete um com o outro.
Esta graça diminuta é visível quando se quer os benefícios da Aliança com Deus, sem as subseqüentes transformações que ela vai causar em nossa vida!
Daquele que toma conhecimento da sua graça, do seu perdão e do seu amor, Deus espera que haja um conseqüente imperativo do abandono do pecado. O conhecimento da graça de Deus me levará a uma busca pelos caminhos da retidão, santidade e justiça!
Uma vez que conhecemos a graça, não devemos ultrajá-la! (Hb 10.26-31)
A diferença é que no relacionamento contratual, eu faço por que eu tenho que fazer, preciso cumprir a minha obrigação, fazer a minha parte. No relacionamento firmado na Aliança, eu faço porque quero fazer, anseio por isto, meu coração o deseja.
Na aliança, o imperativo conseqüente é: Eu te amo, por isso, segue meus mandamentos! Eu te amo, por isso vá e não peques mais!… (Jo 8.1-12)
Ir e não pecar mais é a minha resposta ao pacto. Não pecar e viver em santidade será o resultado prático da minha gratidão por aquele que me salvou a vida!
Só há uma maneira de não sermos incluídos no Pacto da Nova Aliança estabelecido por Deus em Cristo: é rejeitarmos o seu amor, é menosprezarmos seu perdão, é sermos indiferentes à cruz. Este é o único meio, a única postura que nos deixará fora do âmbito da graça e consequentemente fora do reino de Deus.
Para que possamos andar juntos como cônjuges, necessitamos respeitar algumas cláusulas e regras básicas do acordo conjugal. Temos que saber combinar nossas atitudes e termos compromisso em cumprir o que foi acordado.
O amor que mantêm o nosso matrimônio é como uma planta que necessita ser cuidada diariamente, com zelo e carinho para florescer com perfume de Cristo e ao seu tempo dar seus frutos, frutos do Espírito Santo de Deus. O casamento não é o resultado do amor, é a oportunidade de amar. O amor verdadeiro não é o que nos levou ao casamento, mas o que experimentamos todos os dias. Este deve ser confirmado, reafirmado, manifestado e comunicado ao cônjuge por muitas e muitas vezes, para que a dúvida e o medo não sejam uma brecha para o inimigo.
Cada capítulo desta dissertação aborda uma dimensão do casamento, segundo os princípios comumente utilizados pelos povos em todo o mundo. Pretendemos ao final deste estudo, viabilizar e oferecer aos casais uma ferramenta de consulta e estudos relacionados ao casamento cristão, fundamentados em princípios da Palavra de Deus.